Character Design

O reconhecimento de uma figura humana pelo leitor, como é observado por Scott McCloud, é facilitado pela predisposição do ser humano de se identificar até mesmo nos traços mais simples.

Todavia, quando levamos o design de um personagem em consideração, somente um desenho que evoca a ideia de uma figura humana não é o suficiente, ou pelo menos, não quando se almeja evocar a imagem de uma pessoa específica.

Para criar personagens vivos, ou seja, com esperanças, sonhos e vidas próprias, é necessário levar em consideração o seu design, expressões e linguagem corporal. (McCLOUD, 2006, p.62)

Enquanto não há forma certa ou errada de desenhar quando se refere a estilo e preferência pessoal, para Scott McCloud é imprescindível que um personagem tenha uma vida interior, distinção visual e traços expressivos para se tornar real.

A criação de vida interior proposta por McCloud é uma versão semelhante a caracterização e caráter por McKee. Nela, McCloud propõe basear-se na história de vida do personagem para descobrir suas motivações e experiências para então determinar sua perspectiva quotidiana. (McCLOUD, 2006, p.65)

Os quadrinhos são uma linguagem visual, dessa forma, a variedade interna dos personagens precisará corresponder a uma variedade externa de designs visuais.

E como enxergamos por base de comparação, é essencial que a diversidade de elenco seja acentuada de forma a fazer com que as diferenças entre os personagens sejam um lembrete visual de suas diferenças psicológicas.

Essas diferenças são ainda mais acentuadas quando traduzidas em suas expressões faciais e corporais e como elas interagem com os outros personagens.

E quando se tem as características físicas e psicológicas de um personagem definidas, como se trata de um quadrinho, é necessário desenha-la diversas vezes, o que torna complicado manter uma consistência de como ela é retratada.

Para solucionar esse problema, Scott McCloud sugere a criação de uma ficha-modelo, onde terá uma espécie de planta arquitetônica que pode consultar quando estiver desenhando.

Por fim, cabe ao quadrinista ditar o quão humano seus personagens serão, todavia, como aponta Scott McCloud, mais do que o quadrinista decide mostrar é o que os seus leitores decidem ver.